Ádapo: do Yorubá, significa união, aliança. Uma palavra pouco conhecida no Brasil, mas super forte e apropriada para representar a essência da nossa entidade: a união de pessoas em prol do patrimônio cultural material e imaterial.
O Instituto Ádapo é uma instituição sem fins lucrativos que tem o objetivo de estruturar projetos e promover estratégias para a valorização do nosso patrimônio.
Com raízes em solo capixaba, nossa atuação não conhece fronteiras: pode chegar a qualquer lugar do território nacional onde exista um solo fértil para serem desenvolvidas ideias e ações que estejam em consonância com o nosso propósito.
O Instituto Ádapo é formado por profissionais de diferentes áreas e com atuação comprovada na promoção da cultura. Já nasceu da vontade de fazer a diferença e integrando diversos projetos – inicialmente no estado do Espírito Santo – que impactaram várias comunidades, gerações e indivíduos, em especial os portadores do patrimônio imaterial capixaba.
Fomentar, salvaguardar e valorizar a cultura, a história e todos os traços que compõem as identidades capixaba e brasileira por meio de iniciativas que abarquem tanto o patrimônio imaterial quanto o material, e que, acima de tudo, incentivem a diversidade, garantindo que as tradições e as expressões culturais sejam preservadas para as futuras gerações.
Ser uma referência na elaboração e na execução de projetos na área patrimonial, pautados no compromisso com o desenvolvimento humano e no estabelecimento de parcerias sólidas, como forma de contribuir para um país mais justo, diverso e respeitoso com a história e a identidade de todos os povos.
Respeito à diversidade cultural e humana, transparência, integridade, colaboração, educação, inovação, sustentabilidade, participação comunitária e valorização do conhecimento tradicional.
Genildo Coelho Hautequestt Filho nasceu em 2 de setembro de 1970, em Cachoeiro de Itapemirim (Espírito Santo), mas passou toda a sua infância e adolescência em Marataízes. Filho de Genildo Coelho Hautequestt, bancário e agricultor, e de Shirley Coelho Hautequestt, professora.
A partir de 1996, já formado Arquiteto Urbanista, iniciou um trabalho de revitalização do patrimônio cultural junto à Somai (Sociedade dos Moradores e Amigos de Itapemirim), quando foi responsável pela implantação da Oficina Escola de Artes e Ofícios, tendo sido restauradas 9 edificações no município. Em 1998, foi convidado para assumir o cargo de Coordenador de Memória e Patrimônio Cultural e Natural da Secretaria de Estado da Cultura, para instituir o projeto no Estado. Após sua implantação em diversos municípios, migrou para o município de Muqui em 1999, e foi responsável pelo tombamento do centro histórico e de seu processo de gestão até o ano de 2009. Muqui é o maior sítio histórico tombado no Espírito Santo, concentrando mais de 60% dos bens tombados do estado.
Entre os anos de 2001 e 2007, assumiu o cargo de Diretor Executivo do Consórcio Turístico Rota Sul, que reunia 5 municípios do sul do estado, tendo implantado a Rota dos Vales e do Café, da qual participavam os municípios de Muqui, Mimoso do Sul, Cachoeiro de Itapemirim, Vargem Alta e Marataízes.
Do ano de 2001 até o ano de 2011, realizou importantes trabalhos na Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim, nas áreas de turismo, patrimônio material e patrimônio imaterial, incluindo projetos e obras de restauro e instrução de processos de tombamento.
Em 2001, foi um dos responsáveis pela criação da Associação de Folclore de Cachoeiro de Itapemirim – atualmente denominada Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense –, ocupando o cargo de Diretor de Projetos desde a sua fundação, sendo responsável pela coordenação de todos as ações desenvolvidas pela entidade desde então.
Em 1997, concluiu sua especialização em Arquitetura e Ambiente Urbano, na Universidade de Alfenas; em 2011, o Mestrado em Artes, na Universidade Federal do Espírito Santo; e, em 2021, o Doutorado em Arquitetura e Urbanismo, na Universidade Federal Fluminense.
Em 2005, iniciou sua carreira acadêmica no Centro Universitário São Camilo – Espírito Santo, onde trabalhou por 3 anos; entre 2012 e 2013, trabalhou como professor de Arquitetura e Urbanismo no Centro Universitário do Espírito Santo; e, desde o ano de 2013, leciona no Centro Universitário Multivix, em Vitória.
Desde 2023, é sócio da empresa Studio Inovar – Arquitetura, Urbanismo e Restauro LTDA, pela qual desenvolve diversos projetos, em especial de restauração. A partir de 2024, também passou a ser Presidente do Instituto de Preservação do Patrimônio Cultural Ádapo. No mesmo ano, assumiu o cargo de Conselheiro do Conselho de Arquitetura e Urbanismo – CAU/ES, sendo também o representante da Câmara Temática de Patrimônio do CAU/BR. Em 2025, foi eleito para representar o CAU – ES no Conselho Estadual de Cultural da SECULT – ES (2025-2027).
Como arquiteto, Genildo foi o responsável por importantes projetos e obras de restauração do patrimônio arquitetônico no Espírito Santo, bem como de projetos de salvaguarda do patrimônio imaterial, em especial da região sul do estado. Genildo também é autor de diversos livros e documentários, que possuem como tema o patrimônio imaterial do Espírito Santo, sendo um intransigente defensor do patrimônio cultural brasileiro e capixaba.
Maria Elvira Tavares Costa nasceu em Cachoeiro de Itapemirim (Espírito Santo), em 30 de abril de 1958. Filha de Ligia Tavares Martins Costa, professora, e de Domício Martins da Silva Sobrinho, industrial. Alfabetizada pouco antes de completar 6 anos de idade, aos 10 anos já havia lido as obras completas de Machado de Assis, além de muitos outros clássicos, revistas e quadrinhos.
Formou-se em Administração de Empresas pela Faculdade de Ciências Contábeis e Administrativas – FACCACI, em 1980. No ano seguinte assumiu, por meio de concurso público, um cargo na Caixa Econômica Federal, onde trabalhou até o ano de 1997. Em 2004 concluiu o curso de Psicopedagogia, pelo Centro Universitário São Camilo – Espírito Santo. Como profissional, prestou consultoria a diversas empresas e instituições públicas: Grupo Empresarial Itacar, de 1997 a 1999; Prefeitura Municipal de Vitória, em 2004; Prefeitura Municipal da Serra, em 2004; Grupo Marbrasa, em 2005; Cetemag, entre 1998 e 1999; Caixa Econômica Federal, em 2000; e Prefeitura Municipal de Cachoeiro de Itapemirim, em 2000. Em paralelo ao trabalho de consultoria, agregou, também, os atendimentos com Terapias Holísticas (Reiki, Florais, Contação de Histórias e Tarô do Autoconhecimento), das quais é mestra.
Em 2004 foi trabalhar na Prefeitura Municipal de Cachoeiro de Itapemirim, onde desenvolveu diversos projetos de cunho turístico e cultural, dentre eles os projetos Doce Terra Onde eu Nasci e Olhar do Braga sobre Cachoeiro.
Na Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense, iniciou trabalhos junto às comunidades tradicionais do município, visando a preservação de seus saberes e a valorização de seus mestres. Além disso, participou da criação de 3 bibliotecas comunitárias e coordenou o projeto Leitura no Embornal.
Como escritora, tornou-se membra da Academia Cachoeirense de Letras, cadeira 15, em 21 de novembro de 2018, representando o segmento da Cultura Popular. Entre 2022 e 2024, integrou a equipe do projeto Trilhas de Monte Alegre, que foi contemplado pelo Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade 2024. Trata-se da principal premiação de reconhecimento de projetos de valorização do patrimônio brasileiro, que é concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.
Desde 2022 desenvolve trabalho voluntário a partir da contação de histórias, leituras e escritas na Associação de Proteção e Assistência às Condenadas – APAC e no Centro de Recuperação Social Masculino, ambos de Cachoeiro de Itapemirim. Desenvolve também – a partir da parceria UFES, APAC e Ministério Público – projeto de leitura e remição (leitura e escrita da liberdade), em implantação.
A atividade de contação de histórias na APAC propiciou a Maria Elvira a participação no Seminário de Leitura na Prisão, promovido pela UFES – Universidade Federal do Espírito Santo, em 2023, trabalho que foi publicado na revista do 6º CONEL – Congresso Nacional de Estudos Linguísticos, do qual o seminário foi parte integrante.
Dentre as homenagens já recebidas, destacam-se o Certificado de Apoio ao Turismo Capixaba – concedido pela Assembleia Legislativa do Espírito Santo, por meio da Deputada Luzia Toledo, em 2010 – e a Comenda Rubem Braga, em homenagem aos escritores capixabas – concedida pela Assembleia Legislativa do Espírito Santo, através do Deputado Glauber Coelho, em 2014.
Participou dos documentários Redescobrindo o Itabira, em 2021; O Voo da Borboleta Amarela, sobre a vida de Rubem Braga, em 2022; e Retratos da Princesa do Sul – Memórias de Cachoeiro sob o olhar de Gil Gonçalves, em 2024.
Diego Scarparo nasceu em Cachoeiro de Itapemirim (Espírito Santo), em 6 de novembro de 1979, filho de Ângela Maria Scarparo, que é esteticista. No ano de 2005, formou-se em Artes pela Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, com extensão em Ilustração Editorial. Logo após sua formação, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi estagiar na produtora de cinema Hybrazil, trabalhando na produção de filmes documentais.
Em 2009, retornou para Cachoeiro de Itapemirim, trabalhando na Secretaria Municipal de Cultura, e logo depois assumiu o cargo de Subsecretário Municipal de Comunicação, no qual permaneceu até 2012, quando se mudou para Vitória e fundou a Produtora Global Village, onde atuou por 12 anos.
Foi no período em que atuou na Prefeitura Municipal de Cachoeiro de Itapemirim que se aproximou dos grupos de patrimônio imaterial do município, tendo desenvolvido diversos trabalhos em parceria com a Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense. Por esse motivo, passou a integrar os quadros da Associação como sócio colaborador. Para a Associação, criou seu primeiro logotipo, ilustrou e diagramou livros, produziu vídeos e diversos outros materiais de divulgação.
Com grande experiência em várias áreas da comunicação, do cinema e das artes, atualmente Diego atua como criador de conteúdo corporativo, diretor cinematográfico e produtor de economia criativa. O reconhecimento do seu trabalho pode ser aferido pelas mais de 60 seleções em festivais de cinema e TV, bem como 36 premiações conquistadas até o ano de 2024.
Como produtor de economia criativa, assina a produção de dois materiais de peso nas artes visuais: Overseas, de Miro Soares, e Eucaliptação, de Alê Gabeira e Flávia Dalla Bernardina. Além disso, é cofundador de um grande projeto cultural do Espírito Santo: o Cinemuses, primeiro Cineclube voltado à música registrado no Brasil, com reconhecimento acadêmico e institucional. Um dos maiores reconhecimentos do seu trabalho foi como integrante da equipe do projeto Trilhas do Quilombo Monte Alegre, que reuniu mais de 15 ações locais, entre os anos de 2022 e 2024, e que recebeu o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, em 2024. Trata-se do reconhecimento das mais importantes iniciativas de preservação do patrimônio cultural brasileiro, concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.
Diego também assina a criação e/ou direção de materiais audiovisuais para grandes marcas como Vixpar, Grupo Águia Branca, Senai, Findes, EDP, Wine, entre outras – seja conteúdo de inovação ou de materiais filantrópicos. Em seu trabalho, utiliza a ferramenta audiovisual e a criatividade para encantar e transmitir, de forma humanizada, a força das propostas de marcas e de projetos culturais.
Luan Faitanin Volpato nasceu em Cachoeiro de Itapemirim (Espírito Santo), em 1º de outubro de 1987. Filho do mecânico Marco Antonio Volpato e da dona de casa Cleusa do Carmo Faitanin Volpato. Desde criança, sempre foi aficionado por cultura, arte, comunicação e natureza – enfim, por tudo aquilo que estimula o visual e nos encanta por meio das janelas da alma: os olhos. Sendo assim, graduou-se em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda, pelo Centro Universitário São Camilo – Espírito Santo, em 2009, e realizou a pós-graduação em Artes Visuais: Cultura e Criação, pelo Senac Rio de Janeiro, entre 2011 e 2012, tendo seguido profissionalmente pelo caminho da fotografia, do design gráfico e, mais recentemente, pelos projetos na área da Cultura.
Ao mesmo tempo em que concluía essa etapa acadêmica, surgia seu primeiro contato mais próximo com a cultura de sua terra: a missão de, pela primeira vez, conhecer e fotografar a tradicional festa Raiar da Liberdade, realizada todos os anos no Quilombo Monte Alegre, em Cachoeiro, desde 1888. Daí por diante, não deixou mais de registrar não somente essa festividade, mas diversas outras realizações dos grupos que constituem a Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense, estruturando oficialmente um banco de imagens da entidade até hoje. Também é membro da referida Associação e atualmente ocupa nela o cargo de Segundo Secretário.
De lá para cá, foram inúmeros os projetos que Luan integrou na área do patrimônio cultural. O de maior destaque é o Todas as faces de Maria, constituído de documentário, livro e exposição fotográfica – esta sendo exibida em Vitória, Santa Leopoldina, Cachoeiro e Santiago, no Chile –, contando a história de vida da mestra Maria Laurinda Adão, uma das maiores representantes da cultura negra do Espírito Santo e do Brasil. Por falar em exposição, Luan também integrou a mostra Rua – exibida no Brasil e no México – e o I Salão de Arte Fotográfica de Cachoeiro de Itapemirim, além de duas edições do Salão de Artes Levino Fanzeres e uma exposição permanente no Centro Cultural Projeto Caiman, em Vitória.
Em se tratando de livros, até agora foram 3 autorais: Memórias do Caxambu Santa Cruz, de 2023; As Flechas de São Sebastião, de 2022; e Fésta: fé e festa, de 2018. Fora esses, suas fotos compõem diversas outras obras, como Os sons que entram pela janela, de Bartira Zanotelli (2022); Arquitetura Urbana do Café em Muqui, de Genildo Coelho Hautequestt Filho (2019); Guia Turístico de Cachoeiro de Itapemirim (2019); Espírito Santo, de Antônio de Pádua Ferreira Gurgel (2019); Grupo Anônimos de Teatro – Dez anos de arte e vida (2018); No tempo da onça, de Maria Elvira Tavares Costa (2014); e Palavra de Mestre, de Rosângela Venturi (2013).
No ambiente virtual, também integrou projetos de grande relevância, como a estruturação e a expansão do atual site da Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense (2023 a 2025); o e-book Lei Mestre João Inácio (2024); a criação do atual site da Folia de Reis Missão Divina (2023); o e-book Catálogo Seletivo dos Lugares de Memória da Escravidão no Baixo Itapemirim (2023); e o desenvolvimento do site/acervo virtual Detalhes de uma Vida (2019).
Atualmente, além de ter sua própria empresa (a Levve Design), também é um dos integrantes do Instituto de Preservação do Patrimônio Cultural Ádapo, exercendo a função de Tesoureiro. Além disso, uma das mais recentes iniciativas na área da cultura que Luan integrou, o projeto Trilhas do Quilombo Monte Alegre, foi vencedora da edição 2024 do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, a maior premiação na área da preservação e da salvaguarda do patrimônio cultural brasileiro, sendo essa a primeira vez que um projeto do Espírito Santo é contemplado. “Todo esse caminho até aqui só me dá a certeza de que ainda tenho muito o que fazer e, principalmente, aprender. Vou em frente, colocando meu trabalho a favor do que realmente deve ser preservado e enaltecido”, afirma Luan.
Maria Laurinda Adão nasceu em 3 de julho de 1943, no Quilombo Monte Alegre, em Cachoeiro de Itapemirim (Espírito Santo), pelas mãos de sua avó, que era parteira. É filha de Paulino Adão e Eremita Ventura, que eram trabalhadores rurais e que prestavam serviço para os grandes fazendeiros do entorno do quilombo. Desde criança precisou trabalhar na roça com seus pais e irmãos e, por isso, não teve a oportunidade de estudar. Mesmo com todas essas dificuldades, por sua personalidade forte e atuação política, conseguiu se transformar em uma das maiores lideranças quilombolas e também em uma grande referência cultural para o Espírito Santo.
Sua missão espiritual foi recebida aos 6 anos de idade, no Centro Espírita de Andorinha, que frequentava juntamente com toda a sua família. Atualmente, junto de sua irmã Adevalmira Adão Felipe, comanda o Centro Espírita São Jorge, que fica junto à sua casa, em Monte Alegre. Ainda com 12 anos de idade, iniciou suas atividades como parteira, ajudando sua avó, e aos 18, como coveira.
Seu reconhecimento como mestra do grupo de caxambu Santa Cruz pela comunidade caxambuzeira do quilombo se deu em 1961, quando ainda tinha 18 anos de idade. Desse período em diante, além de ser a guardiã dos tambores – objetos sagrados do grupo –, é a principal organizadora da Festa Raiar da Liberdade, que acontece no quilombo desde o ano de 1888 e que, em 2024, foi reconhecida como patrimônio imaterial do Espírito Santo.
O reconhecimento do Caxambu Santa Cruz como patrimônio cultural brasileiro se deu no ano de 2008, quando o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN fez a titulação dos grupos existentes no sul do Espírito Santo.
Como ativista política, Maria Laurinda possui forte atuação no Movimento Nacional das Mulheres Camponesas e também na preservação do patrimônio imaterial no sul do Espírito Santo. Com pouco estudo, mas grande sabedoria, é uma líder nata, tendo se tornado porta-voz de sua comunidade e de seu município. A partir do ano de 2002, assumiu a presidência da Associação Comunitária de Monte Alegre e, posteriormente, em 2005, a vice-presidência da ACREQMA – Associação dos Remanescentes de Quilombo de Monte Alegre. De 2008 a 2014, foi Presidente da Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense, que reúne 27 grupos do município (total de aproximadamente 3 mil brincantes). Atualmente é Presidente do Conselho Fiscal da entidade.
No ano de 2011, teve sua história contada no documentário Todas as faces de Maria, que, em janeiro de 2012, foi retratada em um livro de mesmo nome. Em 2014, o Prefeitura de Vitória, em parceria com o Instituto Sincades, realizou uma grande exposição no Museu Capixaba do Negro – MUCANE, contando a vida da mestra, por onde passaram 4 mil visitantes em 3 meses. A mesma exposição circulou em 3 locais em Santiago, no Chile, patrocinada pela embaixada brasileira, e também foi exposta em Santa Leopoldina, Vargem Alta e Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo.
Como gestora de cultura, coordenou ou participou da equipe de dezenas de projetos culturais ao longo dos últimos 25 anos – dentre eles, o projeto Trilhas do Quilombo Monte Alegre, que reuniu 15 iniciativas desenvolvidas em sua comunidade entre os anos de 2022 e 2024. Esse projeto foi vencedor do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, em 2024. Trata-se do maior reconhecimento das mais importantes iniciativas de preservação do patrimônio cultural brasileiro, que é concedido anualmente pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.
Fátima Buzatto Moura nasceu em 22 de setembro de 1968, no distrito de Burarama, em Cachoeiro de Itapemirim (Espírito Santo). Filha de Delvo Buzatto e Maria Arlinda Ardiçon Buzatto, ambos agricultores, aos 15 anos foi morar e trabalhar na cidade de Cachoeiro (para continuar os estudos, naquela época os jovens precisavam migrar para a sede do município). Quando ainda morava em Burarama, ajudava sua mãe nos afazeres domésticos e também nos trabalhos agrícolas e, em Cachoeiro, passou a trabalhar no comércio. Por 7 anos trabalhou no Posto Shangrilá, na localidade de Safra, começando como Secretária e sendo promovida para Gerente. Fátima foi a primeira Gerente mulher de um posto de combustíveis no município.
Em 1990, aos 22 anos de idade, casou-se e foi morar em Monte Alegre, passando a trabalhar como pecuarista com seu marido, até que, em 2005, começou a trabalhar como Secretária na Escola Municipal Monte Alegre, onde atua profissionalmente até a atualidade. Na escola, é responsável por todos os trabalhos burocráticos, mas também apoia várias ações de promoção da cultura no ambiente escolar, em especial, o grupo de caxambu Santa Cruz.
No ano de 2007, graduou-se em Turismo pelo Centro Universitário São Camilo – Espírito Santo, tendo defendido o projeto de graduação intitulado “Caxambu, Símbolo Identitário da Comunidade Quilombola de Monte Alegre”. Durante sua graduação aproximou-se ainda mais do grupo, passando a ser sua principal produtora local em todos os projetos desenvolvidos no quilombo. O principal trabalho que ela desenvolve é a produção da tradicional festa Raiar da Liberdade, atualmente reconhecida como patrimônio cultural imaterial do Espírito Santo. No evento, ela é a responsável pela organização das equipes de trabalho, que vão da montagem da estrutura até a preparação da tradicional feijoada, servida para mais de mil pessoas na ocasião.
Embora já conhecesse o Caxambu Santa Cruz desde criança, foi somente a partir do ano de 2005 que começou a se aproximar mais das mestras e das atividades do grupo, até que, em 2007, foi admitida na Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense, da qual passou a ser sócia colaboradora.
Como sócia colaboradora da entidade, Fátima já desenvolveu diversos projetos que possuem como objetivo principal a preservação e a difusão do patrimônio imaterial local, como: Todas as faces de Maria (documentário, livro e exposição) (2012-2016); Meninas Bordadeiras de Monte Alegre (2013); Festa Raiar da Liberdade (2005 até a atualidade); Roda do Mês (2018/2023); Caxambu na Escola (2022); Inventário Nacional de Referências Culturais da Festa Raiar da Liberdade (2021-2023); Difusão da identidade caxambuzeira no sul do Espírito Santo (2022-2023); Ponto de Memória Quilombola (2023); Memórias do Quilombo Monte Alegre (2023-2024); Oficina de Formação de Caxambuzeiros (2023-2024); Manutenção das Rodas de Caxambu de Cachoeiro de Itapemirim (2024-2025); livro Memórias do Caxambu Santa Cruz (2023); Escola de Caxambu (2024); Trilhas do Quilombo Monte Alegre (este último vencedor da edição 2024 do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, a maior premiação na área da preservação e da salvaguarda do patrimônio cultural brasileiro).
Em suas ações culturais, Fátima possui um profundo respeito pelos saberes e fazeres do quilombo e dos quilombolas de Monte Alegre, sendo uma das principais defensoras da cultura local. Seu trabalho na escola sempre foi fundamental para o desenvolvimento das mais diversas ações de preservação do Caxambu Santa Cruz.
Rosinêz Machado Lima nasceu na comunidade de Campo Novo, município de Presidente Kennedy (Espírito Santo), em 20 de janeiro de 1967. Filha do casal de lavradores João Manoel Lima e Jucéa Machado Lima, começou, ainda criança, a ajudar seus pais no trabalho da roça, além de auxiliá-los também na mercearia que mantinham na comunidade de Campo Novinho, também em Presidente Kennedy.
Aos 16 anos de idade, iniciou o trabalho voluntário na Associação Comunitária de São Salvador e Campo Novo, e aos poucos assumiu a liderança na Igreja de Nossa Senhora das Graças de São Salvador, onde desenvolvia diversas atividades comunitárias e religiosas.
Em 1999, aos 32 anos, mudou-se para Cachoeiro de Itapemirim, onde logo foi eleita, por dois mandatos consecutivos, Presidente da Associação Comunitária do Bairro Alto Amarelo, bairro onde morava. Logo depois assumiu o cargo de Diretora de Esportes da Federação das Associações de Moradores e Movimentos Populares de Cachoeiro de Itapemirim – FAMOPOCI, onde foi Vice-Presidente, por dois mandatos, e Presidente, também por dois mandatos, ocupando atualmente a função de Assessora da Diretoria.
Como profissional, trabalhou na Rádio Aquidabã, na Rádio Difusora, na Câmara Municipal, como Assessora de Vereador por 11 anos e, em 2009, na Gerência de Patrimônio Imaterial da Secretaria Municipal de Cultura de Cachoeiro de Itapemirim, onde teve a oportunidade de trabalhar pela primeira vez com os portadores do patrimônio imaterial, além de diversas lideranças das religiões de matriz africana. Foi nesse período que se associou à Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense, desenvolvendo diversos trabalhos, principalmente no período de 2009 a 2012.
No ano de 2010 formou-se em Serviço Social, mas foi trabalhar na área apenas em 2012, quando mudou-se para Marataízes, indo atuar na Secretaria Municipal de Assistência Social, Habitação e Trabalho do município, onde permaneceu por 8 anos, como Diretora do CREAS. Atualmente trabalha na Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Sustentável da Prefeitura de Marataízes.
Como mulher e cidadã, Rosinêz tem um profundo respeito pelos portadores do patrimônio imaterial, por eles “trazerem o passado tatuado em suas peles”, segundo ela. “Esses homens e mulheres preservam os mais profundos traços da ancestralidade brasileira, por isso precisam ser respeitados e valorizados”.
Leoni Rigoni Salarolli nasceu em 18 de julho de 1995, no município de Anchieta (Espírito Santo), filho de Reginaldo Salarolli e Ozireni Rigoni Salarolli, ambos agricultores familiares. Viveu sua infância e adolescência na zona rural da cidade, mudando-se para a capital, Vitória, ao completar 20 anos, a fim de cursar a graduação em Arquitetura e Urbanismo.
Em 2014 concluiu a formação técnica em Segurança do Trabalho pelo Centro Integrado Sesi/Senai/IEL, de Anchieta; a graduação em Arquitetura e Urbanismo, em 2019, pelo Centro Universitário Multivix – Vitória; e a especialização em Arquitetura e Ambiente Urbano, em 2020, pela Faculdade Multivix – Campus Serra. Atualmente é pós-graduando em Gestão e Prática de Obras de Conservação e Restauro do Patrimônio Cultural pelo Centro de Estudos e Ensino Avançados da Conservação Integrada – CECI Educação, em Olinda – PE.
Desde 2020, atua como arquiteto urbanista, desenvolvendo projetos e executando obras nas áreas de arquitetura, urbanismo, paisagismo e restauração. Também participa ativamente da vida comunitária local, integrando, desde 2022, a diretoria da associação de moradores da comunidade onde reside.
Ao longo de sua carreira, participou de importantes projetos e obras de restauração, destacando-se: projeto e execução da restauração do muro da CODESA, em Vitória – ES (2021); projeto e execução da obra de restauração das pinturas artísticas parietais da antiga Casa de Câmara e Cadeia de Itapemirim, em Itapemirim – ES (2022 a 2023); apoio técnico especializado à fiscalização municipal de Alegre – ES, durante a execução da obra de restauração do Solar Miguel Simão (2023 a 2024); e projetos de restauração da Matriz Nossa Senhora do Amparo, em Itapemirim – ES, e da Igreja Nossa Senhora da Conceição e Santo Inácio de Loyola, em Campos dos Goytacazes – RJ.
Luciene Pessotti nasceu em Vitória (Espírito Santo) e passou uma parte de sua infância em Belo Horizonte (Minas Gerais). Desenvolveu o hábito da leitura pelo contato com os livros de seu pai, amante da música clássica e erudita. Após seu retorno ao Espírito Santo, sua família fixou residência em Vila Velha, onde teve o primeiro contato com a história da Arquitetura e das cidades, tendo estudado no Colégio São José – localizado no entorno do Sítio Histórico da Prainha, primeiro núcleo urbano do Espírito Santo, local que Luciene frequentava com assiduidade.
Cursou Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), formando-se em 1994; fez o curso de Especialização em Conservação e Restauração em Monumentos e Sítios Históricos (IX CECRE), em 1996, em Salvador – BA; ingressou no Mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), concluído em 2000; e cursou o Doutorado em Arquitetura e Urbanismo na mesma universidade, finalizado em 2005.
Durante o período que esteve em Salvador, atuou como consultora e assessora técnica em diferentes projetos e levantamentos em Sítios Históricos tombados pelo IPHAN, além de desenvolver projetos arquitetônicos, inclusive de restauração (como o do Forte de São Paulo da Gamboa, monumento tombado em nível federal).
Ao retornar ao Espírito Santo, em 2005, lecionou um ano no curso de Arquitetura e Urbanismo de uma instituição de ensino privada. Em 2007 inicia o estágio de Pós-Doc na UFES, concluído em 2010. Após esse período, desenvolveu diversos projetos de restauração em edifícios históricos e coordenou a elaboração dos inventários e relatórios técnicos que subsidiaram o tombamento estadual de Muqui e Itapina.
Em 2009 foi contratada pela UNESCO para a Consultoria Técnica Especializada na área de Preservação do Patrimônio Cultural, notadamente o patrimônio urbano e arquitetônico dos sítios urbanos históricos do Espírito Santo, para implementação do Plano de Ação das Cidades Históricas, no bojo da política cultural do IPHAN para requalificação das cidades históricas do país.
Foi consultora para a SECULT – ES, em 2010, para desenvolver o Programa de Preservação dos Sítios Históricos do Espírito Santo.
Em 2013 ingressa, por meio de concurso público, na UFES, no curso de Arquitetura e Urbanismo como professor associado. É professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU) da mesma universidade. Atualmente é membro do Comitê Científico Nacional de Fortificações e Patrimônio Cultural (CCBr-ICOMOS), vice-presidente do IAB – ES (Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento Espírito Santo) e sócia do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo. Em 2025 foi eleita para representar o IAB – ES no Conselho Estadual de Cultural da SECULT – ES (2025-2027).
Possui grande experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em História da Arquitetura e Urbanismo, atuando principalmente nos seguintes temas: patrimônio e cultura, patrimônio histórico, cidades coloniais, história da cidade e preservação. Sobre esses temas, já organizou eventos científicos e publicou artigos científicos em fóruns especializados, além de livros sobre a temática. Também é Pesquisadora/Consultora do Instituto Ádapo.
Aqui você confere os projetos já apoiados e realizados pelo Instituto Ádapo desde a sua fundação.